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Luto na Pandemia: quem são os novos enlutados nesse momento de isolamento social?

Quem é o novo enlutado no cenário de pandemia?

Saiba como o luto está sendo vivenciado pelos que perderam seus familiares nesse momento de isolamento social.

O luto é o momento no qual até os mais introspectivos buscam consolo e ombro amigo, mas passar por isso em meio a pandemia do novo coronavírus que ameaça milhões de vidas e causa mais de três mil mortes no Brasil, todos os dias, adiciona um novo grau de dificuldade à situação.

Como superar a morte? Você encontrará dezenas de artigos, matérias e conselhos para esse tema. Contudo, lidar com a morte e com essa crise de saúde que assola toda a população é uma – péssima – novidade.

Uma dor tão pessoal quanto perder alguém, fica ainda mais latente quando precisa ser digerida em casa, sem ter com que compartilhar a tristeza. A crise mundial que teve início em 2020 veio para obrigar os enlutados a passar por esse momento sozinhos, respeitando os protocolos de distanciamento social.

Neste artigo você vai entender quem é o novo enlutado originado pela pandemia, conselhos sobre como lidar com essa dor seguindo o isolamento social e depoimentos de quem perdeu entes queridos para o vírus. Boa leitura!

O que é luto?

O dicionário classifica o luto como “a dor profunda pela morte de alguém”.

Existe, ainda, o luto patológico: o principal sintoma é quando o sujeito se recusa a aceitar a morte de alguém e lida como se a mesma ainda estivesse viva.

Para os católicos, a morte é “o caminho para a eternidade”. Já os judeus vivem o Shivá, que é uma semana de luto pela morte de alguém próximo.

O luto é uma daquelas palavras que só o sentimento pode definir.

Parece difícil transparecer em palavras a imensidão do amor de mãe para filho? A complexidade é parecida com a de explicar o que é o luto.

O luto é tão único quanto às relações sociais que, apesar das regrinhas de convivência que aprendemos desde cedo, nunca seguem por um caminho reto e sem curvas. Os relacionamentos são únicos, e o luto também

Ninguém se planeja para lidar com perdas. Não importam as dicas e conselhos, não há regras nem leis que regem como passar por esse momento com tranquilidade.

Depoimentos de quem perdeu familiares para o vírus

Os que perderam parentes para esse vírus sentem na pele os efeitos da pandemia. Veja alguns depoimentos dos que, infelizmente, sofreram com o falecimento de parentes e amigos devido à Covid-19.

Juan, viúvo da técnica de enfermagem Mara Rúbia, que trabalhava como enfermeira em um hospital de Porto Alegre, diz que “não é brincadeira o que está acontecendo”, fazendo alusão aos comentários sobre a pandemia não ser séria.

Ele ainda diz que a população “deve orar por aqueles que estão na linha de frente” e torce para que sua perda sirva de exemplo para que as pessoas se cuidem.

Claudio Manoel faleceu em Montes Claros, Minas Gerais, e foi vítima do vírus. Seu filho, Claudinei, diz que o pai era muito saudável e “não levou o vírus a sério”, alegando ser “exagero da mídia”. O idoso faleceu aos 69 anos.

“O sofrimento é maior quando você perde alguém querido e não pode abraçá-lo”, disse a tia do advogado Paul Kardous, mais um que se foi na pandemia.

A pandemia é séria e os novos enlutados desse período sofrem de diversas maneiras – como se o luto já não fosse depressivo o suficiente. Confira o que mudou ao lidar com o sentimento da perda de alguém querido neste momento:

Homem triste e isolado

Luto em tempos de pandemia

Apesar de ouvirmos alguns dizerem – de forma muito irresponsável, vale frisar – que “a pandemia veio para nos ensinar que todos são iguais”, isso não diminui os efeitos desse momento na sociedade.

Os que sobreviverem a pandemia sem ansiedade, depressão e crises de pânico na bagagem são sortudos, pois os casos de doenças psicológicas cresceram de forma estrondosa em 2020.

Se você sente sintomas de ansiedade, saiba que não está sozinho. Acesse esse artigo e encontre algumas formas de manter o seu bem-estar em tempos de distanciamento social.[2] 

E o que isso muda no luto?

Medo da morte

Primeiramente, perder alguém próximo em meio a pandemia, mesmo que a causa do falecimento não seja associada ao Coronavírus, desperta o medo que todos temos lá no fundo.

Ligar a TV ou acessar as redes sociais em busca de um escape e se deparar com a realidade de que há pessoas morrendo a cada segundo no país faz com que o medo da morte se torne ainda mais real.

Medo de contágio

Por mais que seja uma necessidade, resolver burocracias de forma online ainda não é uma realidade para todos os serviços.

Você precisará lidar com o IML, funerária, cemitério e até com o cartório – as burocracias variam de acordo com alguns fatores que incidem no ato da morte, mas, num cenário geral, alguém vai precisar sair de casa para resolver a papelada.

Além disso, como dizer aos parentes que não deseja contato nesse momento? Na hora em que a emoção toma conta, negar um abraço não é o primeiro pensamento de ninguém nesse estado de emoções.

Máscaras de combate ao coronavírus

Desfrutar desse ato, porém, é perigoso e a última coisa que passa na sua cabeça é negar.

Ao fim do encontro, vem a realidade: será que estou em apuros? Me higienizar agora vai adiantar? O medo do contágio é real para os enlutados da pandemia.

Ficar em casa

Você pode até morar sozinho hoje, mas em algum momento dividiu a casa com pais e irmãos e sabe que a adaptação não é lá muito simples.

Perder um parente que divide o mesmo teto que você é doloroso e ficar em casa é a última ação que este enlutado precisa.

Desde pequenos rituais como tomar café da manhã junto, passando por gritar durante o banho e pedir uma toalha: tudo lembra o finado.

Não é incomum que os que perdem um parente com esse nível de convivência queiram passar algum tempo longe de casa para espairecer um pouco a mente e deixar com que as coisas se ajeitem com o tempo.

Porém, na pandemia isso é inviável.

Sair de casa e ir para onde? Para a casa de parentes que não seguem as regras de distanciamento social? Passar alguns dias com amigos que saem todos os dias para trabalhar?

Ficar em casa não é uma escolha, mas sim uma obrigação do enlutado com sua saúde. E isso é o que mais dói.

Sem amigos e passeios para espairecer

Ir à casa de amigos para receber um bom conselho, sair para caminhar ao ar livre ou aproveitar passeios que o finado gostaria de ir é o suficiente para espairecer um pouco os pensamentos.

Entretanto, isso é uma mera vontade longe de se tornar realidade no momento em que estamos vivendo.

Os enlutados que a pandemia originou sentem sua dor sozinhos – ou no máximo com alguns amigos do outro lado da tela da videochamada – e sem distrações.

Viver a dor 24 horas por dia e 7 dias por semana se tornou uma obrigação no novo normal.

Sem dar o último adeus

Um enterro com caixão lacrado normalmente ocorre quando a morte foi devido a alguma doença contagiosa – como em casos de Covid-19.

Porém, em casos de mortes com causa indeterminada pode ocorrer do velório ser feito com caixão lacrado para evitar contaminação do possível vírus que não tenha sido identificado.

Essa é mais uma tristeza com a qual os que vivem a perda da morte na quarentena precisam lidar: não prestar a última homenagem.

Neste artigo você descobriu os novos desafios de viver o luto em meio a pandemia do Coronavírus.

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